As neoplasias neuroendócrinas (NEN) são tumores raros e heterogêneos, com origem mais comum no trato gastrointestinal, pâncreas e pulmões. As NEN têm agressividade variável, indo de tumores bem diferenciados (menos agressivos) até para tumores pouco diferenciados (altamente agressivos).
Tanto os tumores bem diferenciados quanto os altamente agressivos têm a capacidade de se espalharem (dar metástases) e serem fatais. Os tumores menos agressivos, apesar de crescerem lentamente, podem secretar hormônios causando sintomas como: vermelhidão na pele, diarréia, aceleração dos batimentos cardíacos, entre outros.
As NEN que causam sintomas são chamadas de “funcionantes”, enquanto as NEN que não produzem hormônio biologicamente ativos são denominadas “não funcionantes” e correspondem à maioria dos casos.
Devido à ausência de sintomas ou por estes serem inespecíficos, é comum atraso no diagnóstico das NEN. Um paciente consulta em média seis profissionais de saúde diferentes antes de obter o diagnóstico correto.
Infelizmente, quando os pacientes são finalmente diagnosticados com uma NEN, muitos terão metástases. Além disso, a detecção das NEN pode ser difícil devido suas reduzidas dimensões e a grande variabilidade de localização.
Como a maioria das NEN de baixo grau expressa receptores de somatostatina, elas podem ser avaliadas com PET com análogos da somatostatina, como DOTATOC-68Ga, DOTATATE-68Ga, DOTANOC-68Ga e, mais recentemente, com Octreotida nota alumínio-18F.
PET/CT com análogos da somatostatina é atualmente o procedimento de Medicina Nuclear de escolha para os tumores neuroendócrinos, devido a melhor qualidade de imagem do exame de PET em relação as imagens de Medicina Nuclear convencional e do corregistro com imagens de tomografia.
O exame de PET-CT combina 2 métodos de diagnóstico por imagem para encontrar alterações nos diferentes estágios de uma doença, como por exemplo o câncer: o componente (1) PET (tomografia por emissão de pósitrons) analisa como as células do corpo se comportam diante de um marcador, por isso é considerado um método de imagem funcional e o componente (2) CT (tomografia computadorizada) produz imagens detalhadas dos órgãos.
Dentre os tumores que podem ser avaliados com PET/CT com análogos da somatostatina estão incluídos: os tumores gastroenteropancreáticos (por exemplo, carcinoides, gastrinoma, insulinoma, glucagonoma, VIPoma, etc.); os tumores do sistema simpatoadrenal (feocromocitoma, paraganglioma, neuroblastoma, ganglioneuroma); o carcinoma medular da tireoide; o meduloblastoma; o carcinoma de células de Merkel; o câncer de pulmão de pequenas células; e o meningioma.
É importante ressaltar que os tumores pouco diferenciados não possuem receptores de somatostatina, assim o PET/CT com análogos da somatostatina tem baixa sensibilidade nestas lesões, sendo melhor avaliadas com PET/CT com FDG-18F, que localiza tumores através da análise do uso de moléculas de glicose.
As principais indicações clínicas do PET/CT com análogos da somatostatina são:
- Localização do tumor primário, quando há suspeita clínica de NEN e o sítio primário é desconhecido ou incerto;
- Estadiamento de pacientes na apresentação inicial da NEN, para avaliar a extensão da doença pelo corpo;
- Avaliação de doença residual, recorrente ou progressiva (reestadiamento);
- Seleção de pacientes para tratamento com Octreotide “frio” ou com radioisótopos (DOTA-peptídeos marcados com 177Lu ou 90Y);
- Monitorização da resposta à terapêutica.
O radiofármaco (análogo da somatostatina marcado com radioisótopo) é administrado por via intravenosa. O radiofármaco demora 1 hora para se distribuir no corpo e se concentrar nas NEN. Após este período, o paciente é encaminhado à sala de exame e a radiação emitida pelo paciente é detectada pelo equipamento de PET-CT, gerando imagens que serão analisadas por médico capacitado para pesquisar estes tipos de tumores. O tempo médio desse exame no equipamento é de 30 a 40 minutos.
O PET/CT com análogos da somatostatina pode ser usado para identificar a presença ou extensão de tumores neuroendócrinos, originários de uma variedade de órgãos, como por exemplo, intestino, pâncreas, pulmão, tireoide e glândulas adrenais, através da utilização de um radiotraçador que tem como alvo os receptores de somatostatina - muitas vezes presentes em abundância nos tumores neuroendócrinos.