Cada parte do corpo, desde a pele até o coração e todos os outros órgãos, é composta de células, assim como os tijolos que compõem a estrutura de uma casa. Estas células do corpo apresentam aparência e função diferentes conforme a atividade que elas devem exercer. Mas, ao contrário dos tijolos, que uma vez colocados no lugar, são imutáveis durante a vida útil da construção, as células do nosso corpo estão constantemente desgastando-se e sendo regeneradas/substituídas por células idênticas. Quando algo dá errado com esse sistema de regeneração, a renovação celular pode ocorre de maneira desregulada, resultando em crescimento tumoral (neoplasia). Se esse crescimento for limitado e não se espalhar para outras áreas ou ameaçar a função dos órgãos, é considerado um tumor benigno; isto é, não ameaça a vida. No entanto, se o crescimento for mais agressivo e ameaçar os tecidos vizinhos ou enviar “sementes” (metástases) para crescer em áreas distantes, tem potencial para ser fatal e é considerado maligno; isso significa que é um câncer.
Os tumores neuroendócrinos (TNEs) estão a meio caminho entre essas duas classificações de benignos e malignos, e por isso, são chamados de “tumores indolentes” porque, embora tenham o potencial de se espalharem e serem fatais, eles crescem lentamente.
Os tumores neuroendócrinos surgem das células enterocromafins (células glandulares produtoras de hormônios) amplamente distribuídas no corpo, mas encontradas mais frequentemente nos pulmões, no intestino delgado, reto, apêndice e pâncreas.
Uma das características mais importantes de uma neoplasia neuroendócrina é o grau que lhe é atribuída. A classificação é feita por um patologista com base em características como o índice mitótico (a rapidez com que as células se dividem sob o microscópio) e o índice Ki-67 (outra medida da replicação celular).
Os TNEs não funcionais podem crescer silenciosamente por muitos anos até o início de qualquer sintoma e o diagnóstico. Os TNEs funcionais são muitas vezes diagnosticados mais cedo, particularmente se liberam hormônios que produzem sintomas de síndrome carcinoide ou outras síndromes.
É importante que os pacientes com TNEs sejam submetidos a exames de imagem baseados em receptores de somatostatina, para avaliar a extensão da doença local e no restante do corpo, bem como, para avaliar se o tumor neuroendócrino expressa um receptor chamado somatostatina. A maioria dos tumores neuroendócrinos de baixo grau expressa o receptor de somatostatina; no entanto, é extremamente importante saber disso porque a presença desse receptor informa ao oncologista se as opções de tratamento, como um análogo da somatostatina (octreotida ou lanreotida) ou a terapia com radionuclídeos são adequadas.
PET/CT com análogos da somatostatina é atualmente o procedimento de Medicina Nuclear de escolha para os tumores neuroendócrinos, devido a melhor qualidade de imagem do exame de PET em relação a cintilografia.