COQUELUCHE EM ALTA: saiba mais sobre as ferramentas diagnósticas atuais e as recomendações de vacinação em adultos


29.07.24

A coqueluche ou pertussis é uma infecção respiratória aguda altamente transmissível, causada pela bactéria Bordetella pertussis, um bacilo Gram negativo.

Tem distribuição geográfica universal, tendo sido controlada no Brasil com a introdução da vacina DTP (difteria, tétano e pertussis) no calendário básico do Programa Nacional de Imunizações (PNI), no início da década de 1980. 

Na infância reside a preocupação maior com quadros clínicos que podem se apresentar com gravidade, entretanto, após a senescência dos anticorpos produzidos pela vacinação infantil, a coqueluche pode ocorrer em adultos. Quadros leves ou assintomáticos são mais frequentes em adultos e em indivíduos com imunização prévia.

Vacinação

A vacina contra coqueluche não é encontrada de forma isolada, ela está presente em diferentes combinações, indicadas conforme a idade ou as condições clínicas do paciente. 

1) Crianças menores de 1 ano: 3 doses da vacina Pentavalente ou 3 doses da vacina Hexavalente com reforços aos 15 meses (com DTP ou Penta) e aos 4 anos de idade (com DTP ou dTpa);

2) Gestantes a partir da 20ª semana de gestação: uma dose da vacina tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (dTpa) a cada gestação;

3) Puérperas não vacinadas na gestação, Profissionais da Saúde e trabalhadores que atuam em berçários e creches com atendimento a crianças de até 4 anos de idade: uma dose de dTpa.

Diagnóstico etiológico

O diagnóstico laboratorial tem evoluído com o tempo, com os métodos mais sensíveis e específicos ocupando o lugar dos métodos tradicionais, como a cultura, que, além de baixa sensibilidade, demanda complexidade técnica e maior tempo para a obtenção dos resultados. Os métodos sorológicos se limitam ao tempo para positividade, geralmente só em fases mais tardias da doença.

 

1. Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)

• Sensibilidade: Alta (90-100%).

• Especificidade: Alta (95-99%).

Observações: Método rápido e altamente sensível, especialmente útil nos primeiros dias após o início da sintomatologia.

Resultados em até 4 dias.

 

 

2. Painéis Moleculares Sindrômicos

• Sensibilidade: Alta (90-100%).

• Especificidade: Alta (95-99%).

Observações: Teste com capacidade de detecção de múltiplos patógenos, especialmente útil para pacientes com sintomas respiratórios inespecíficos. Atualmente dispomos de dois tipos de painéis sindrômicos com capacidade de detecção de B. pertussis e B. parapertussis.

a. Painel Respiratório Filmarray

Painel completo que detecta 17 vírus e 4 bactérias, incluindo SARS-CoV-2, Influenza, RSV, Parainfluenza, Adenovírus, Rinovírus, Coronavírus diferentes de SARS-CoV-2, Bocavirus e Metapneumovirus, Bordetella pertussis, Bordetella parapertussis, Chlamydophila pneumoniae e Mycoplasma pneumoniae.

Resultados em até 24 horas.

b. Painel Respiratório Molecular Bacteriano

Painel detecta as 7 principais bactérias envolvidas em processos infecciosos respiratórios: Chlamydophila pneumoniea, Mycoplasma pneumoniea, Legionella pneumoniae, Bordetella pertussis, Bordetella parapertussis, Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae. Os testes podem também ser solicitados separadamente.

Resultados em até 24 horas.

 

 

3. Sorologia

Anticorpos IgG e IgA para B. pertussis

• Sensibilidade: Moderada a alta, dependendo do momento da coleta (geralmente maior após duas semanas do início dos sintomas).

• Especificidade: Alta.

Observação: Útil para diagnóstico retrospectivo ou em estágios tardios da doença. Como o quadro sintomatológico da coqueluche pode transcorrer de forma um pouco mais arrastada, a sorologia pode ser útil nos casos em que não foi possível o diagnóstico molecular na fase inicial. 



Utilização Clínica

Nas fases iniciais da doença, a melhor opção é o diagnóstico molecular. Os Painéis Moleculares Sindrômicos devem ser reservados quando houver dúvida clínica ou suspeita de infecção por mais de um agente. O painel respiratório molecular bacteriano deve ser solicitando nas suspeitas clínicas de infecção bacteriana e o painel respiratório Filmarray quando houver necessidade de uma pesquisa mais ampla e resultados com maior urgência. Uma opção para o diagnóstico nas fases mais tardias pode ser a pesquisa de anticorpos IgG e IgA, que podem ser solicitados em conjunto com as pesquisas moleculares, assegurando maior sensibilidade.

Tratamento

O tratamento de escolha para a infecção pela Bordetella pertussis é a antibioticoterapia com macrolídeos, sendo o sulfametoxazol/trimetoprim a segunda opção. O início do tratamento na fase catarral pode reduzir o tempo de doença, sendo indicado também na fase paroxística para eliminação de colonização de nasofaringe e prevenção de complicações.


Esquema terapêutico

Azitromicina VO
Adultos 500mg qd no D1, seguido de 250mg qd por 4 dias;
Crianças 10mg/kg qd no D1, seguido de 5mg/kg qd por 4 dias;

Claritromicina VO
Adultos 500mg duas vezes ao dia por 7dias;
Crianças 7,5mg/kg duas vezes ao dia por 7dias;

Sulfametoxazol+Trimetoprim VO
Adultos 800+160mg duas vezes ao dia por 14 dias;
Crianças 4mg/kg do componente TMP duas vezes ao dia por 14 dias;


Quimioprofilaxia Pós Exposição (QPE)

A QPE da coqueluche é indicada para todos os contatos domiciliares, pessoas com risco de evoluir para formas graves da doença e pessoas com maior risco de transmissão da doença para vulneráveis e que foram expostos a caso suspeito ou confirmado de coqueluche.

A QPE deve ser realizada o mais rápido possível, no período de até 21 dias após a última exposição a casos suspeitos ou confirmados que estejam apresentando tosse.

O esquema antibiótico recomendado é o mesmo que o utilizado no tratamento da infecção aguda (ver tratamento).

O afastamento do aluno da escola ou do trabalhador de seu ambiente de trabalho deve ser iniciado ao surgirem os primeiros sintomas da doença, até que seja descartado o diagnóstico de coqueluche ou que seja encerrada a fase de transmissão.

O tempo de afastamento deve ser de cinco dias após o início de tratamento com antimicrobiano ou de três semanas após o início dos paroxismos de tosse nos casos que não tenham recebido tratamento específico.

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Dr. José Cerbino
Médico Infectologista
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Médico Infectologista, Consultor do Richet Vacina.
Dr. Helio Magarinos
Diretor Médico
CRM 52.47173-0
Diretor do Richet Medicina & Diagnóstico, Especialista em Patologia Clínica e Medicina Laboratorial com MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC. Membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clinica (SBPC), da American Association for Clinical Chemistry (AACC), da American Society for Microbiology (ASM), da American Molecular Pathology (AMP) e da European Society for Microbiology and Infectious Diseases (ESCMID).
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