Dosagem da Hemoglobina Glicada por HPLC ou Imunoturbidimetria?


26.07.24

O Richet está pronto a atender a sua indicação de metodologia para a Hemoglobina Glicada, bastando sinalização do método indicado na sua prescrição. 

A hemoglobina glicada (A1c), é um exame laboratorial amplamente utilizado para o diagnóstico e acompanhamento de pacientes com diabetes mellitus (DM) e pré-diabetes. O processo de glicação da hemoglobina ocorre de forma irreversível e, portanto, é proporcional à concentração de glicose no sangue e vida média da hemácia, desta forma  refletindo o comportamento médio da glicemia nos 3 meses anteriores a sua dosagem.

Uso clínico da A1c

A dosagem da A1c passou a ser empregada e aceita pela comunidade científica após 1993, depois de ter sido validada através dos dois estudos clínicos mais importantes sobre a avaliação do impacto do controle glicêmico sobre as complicações crônicas do DM: os estudos DCCT e UKPDS. Estes mostraram que os níveis de A1c apresentam correlação com lesão micro e macrovascular, sendo o melhor parâmetro para o acompanhamento de pacientes com DM. Ainda, a A1c pode ser usada para o diagnóstico do DM como reiterado na atualização de 2024 da Diretriz de Diagnóstico de diabetes mellitus da Sociedade 
Brasileira de Diabetes. 

A análise laboratorial da A1c foi padronizada pelo método de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) e sua validação necessita ser certificada pelo National Glycohemoglobin Standardization Program (NGSP), e pela International Federation of Clinical Chemistry and Laboratory Medicine (IFCC). Assim, o IFCC padronizou um método que quantifica a A1c por espectrometria de massa ou eletroforese capilar e passou a certificar as metodologias que mostrassem equivalência com este. É o caso da imunoturbidimetria, atualmente amplamente disponível nos laboratórios clínicos. Entender as diferenças entre HPLC e imunoturbidimetria são essenciais para a escolha do melhor método analítico para cada caso clínico.


Métodos de Dosagem

1. HPC (CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA):

Princípio:

A HPLC separa os componentes da hemoglobina com base em suas propriedades físico-químicas, como carga e tamanho, permitindo a quantificação específica da HbA1c.

Prós:
• Alta precisão e exatidão.
• Detecta hemoglobinas variantes.
• Menos suscetível a interferências de variantes de hemoglobina (como HbS e HbC) e outras interferências.
• Permite quantificação específica da A1c.

Contras:
• Requer equipamento especializado, o que pode aumentar o custo do teste.
• Custo mais elevado.
• Tempo de análise mais longo, devido ao processo de separação dos componentes. 
• Menos automatizado, não permitindo a utilização com grandes volumes de amostra.

Quando Escolher:
• Pacientes com hemoglobinas variantes.
• Alta precisão necessária.

2. TURBIDIMETRIA:

Princípio:
Baseia-se na formação de complexos imunes entre a A1c e anticorpos específicos. A turvação resultante é medida, permitindo a quantificação da A1c.

Prós:
• Mais acessível e rápido.
• Disponível em plataformas automatizadas, compatíveis com grandes volumes de amostras. 
• Menos complexa e com custos mais baixos do que HPLC.

Contras:
• Fornece resultados rápidos, mas pode não identificar variantes de hemoglobina com a mesma precisão que a HPLC.

Quando Escolher:
• Monitoramento geral da glicemia.

A dosagem da A1c pelo método de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC) se mostra superior à turbidimetria em algumas situações clínicas devido à sua precisão e capacidade de separar e quantificar variantes de hemoglobina.

Principais situações nas quais o HPLC é preferido

Presença de Variantes de Hemoglobina:

O HPLC pode diferenciar entre diferentes variantes de hemoglobina (como HbS, HbC, HbE) e a HbA1c verdadeira, enquanto a turbidimetria pode apresentar resultados falsamente elevados ou baixos devido à interferência dessas variantes.

Anemia Hemolítica:

Em pacientes com anemia hemolítica, a vida útil dos eritrócitos é reduzida, o que pode afetar a acurácia da dosagem de HbA1c por turbidimetria. O HPLC é capaz de ajustar esses fatores e fornecer uma medição mais precisa.

Hemoglobinopatias:

Pacientes com hemoglobinopatias (como talassemia) têm diferentes frações de hemoglobina. O HPLC pode separar e identificar essas frações, permitindo uma quantificação exata da HbA1c, o que não é possível com a turbidimetria.

Discrepâncias Clínico-Laboratoriais:

Quando há discrepâncias entre os resultados de HbA1c e o quadro clínico do paciente, o HPLC pode esclarecer se há interferências que afetam a dosagem pela turbidimetria, fornecendo uma análise detalhada dos componentes da hemoglobina.

Monitoramento em Gestantes com Diabetes:

Em gestantes, especialmente aquelas com diabetes gestacional, a precisão é crucial. O HPLC fornece resultados mais confiáveis, minimizando o risco de tratamento inadequado que pode resultar de leituras imprecisas da turbidimetria.

Controle Rigoroso do Diabetes Tipo 1:

Pacientes com diabetes tipo 1 necessitam de um monitoramento extremamente preciso. O HPLC, por sua alta resolução e sensibilidade, garante um controle glicêmico mais efetivo.

Pacientes com Doenças Renais Crônicas:

A turbidimetria pode ser influenciada por níveis elevados de ureia e creatinina. O HPLC é menos suscetível a essas interferências, oferecendo uma medição mais precisa da HbA1c em pacientes com doenças renais crônicas.

Estudos de Pesquisa Clínica:

Em estudos que demandam alta precisão e reprodutibilidade, o HPLC é preferido por sua capacidade de fornecer dados mais detalhados e confiáveis sobre os níveis de HbA1c.

 

A correlação clínico-laboratorial é de fundamental importância, não apenas para este teste, como para os outros métodos diagnósticos. Sempre que houver alguma dissociação entre a clínica e os resultados laboratoriais, o laboratório deverá ser contatado para a discussão do caso e opções de confirmação do resultado.

Leituras recomendadas

  1. American Diabetes Association. Position Statement. Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus. Diabetes Care 2010, 33 (SUPPL 1): 562-69

  2. DCCT Research Group. N Engl J Med. 1993, 329:977-986 https://diretriz.diabetes.org.br/diagnostico-e-rastreamento-do-diabetes-tipo-2/#ftoc-recomendacoes Consulta em 07 de junho de 2024

  3. Selvin E, Steffes MW, Zhu H, et al. Glycated hemoglobin, diabetes, and cardiovascular risk in nondiabetic adults. N Engl J Med. 2010, 362:800-11

  4. Standards of Medical Care in Diabetes 2024. American Diabetes Association. Diabetes Care, Volume 47, Supplement 1, December 2023. S20- S42

  5. The international expert committee. International Expert Committee Report on the Role of the A1C Assay in the Diagnosis of Diabetes. Diabetes Care 2009; 22 (7): 1327-34

  6. UK Prospective Diabetes Study Group. 1998, 352:837-853

  7. Rodacki et al. Diagnostico de diabetes mellitus. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2024)

 

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Dra. Paula Bruna Araujo
Endocrinologista
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Serviço de Assessoria ao Médico do Richet, Mestre pela UFRJ, Clinical Fellowship pela University of Toronto
Dr. Helio Magarinos
Diretor Médico
CRM 52.47173-0
Diretor do Richet Medicina & Diagnóstico, Especialista em Patologia Clínica e Medicina Laboratorial com MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC. Membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clinica (SBPC), da American Association for Clinical Chemistry (AACC), da American Society for Microbiology (ASM), da American Molecular Pathology (AMP) e da European Society for Microbiology and Infectious Diseases (ESCMID).
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