Nova cepa do SARS-CoV-2 e sua interferência nos testes de RT-PCR


11.01.21

Inúmeras variantes do SARS-CoV-2 estão circulando globalmente, algumas dessas novas variantes foram descritas recentemente.

No Reino Unido (UK), uma nova cepa variante de SARS-CoV-2 (conhecida como linhagem 20B / 501Y.V1, VOC 202012/01 ou B.1.1.7) surgiu com um número atipicamente superior de mutações. Desde então, essa variante foi detectada em vários países ao redor do mundo, incluindo nos Estados Unidos (EUA), Canadá e Brasil, dentre outros.

Na África do Sul, outra variante do SARS-CoV-2 (conhecida como linhagem 20C / 501Y.V2 ou B.1.351) emergiu independentemente da linhagem B.1.1.7. Esta variante compartilha algumas mutações com a linhagem B.1.1.7. Os casos atribuídos a esta variante foram detectados fora da África do Sul.

O que se sabe até agora sobre essas variantes?

- Dentre outras mutações, esta variante tem uma mutação no domínio de ligação ao receptor (RBD) da proteína Spike (S). Estima-se que essa variante tenha surgido pela primeira vez no Reino Unido em setembro de 2020 e desde então, vários países relataram casos da linhagem B.1.1.7.

- Indicadores epidemiológicos preliminares sugerem que esta variante está associada a maior transmissibilidade (ou seja, transmissão mais eficiente e mais rápida).

- Atualmente, não há evidências que sugiram que a variante tenha qualquer impacto na gravidade da doença ou na eficácia da vacina.

- A grande maioria dos testes comerciais de reação em cadeia da polimerase, transcrição reversa (RT-PCR) utiliza sondas com vários alvos para detectar a presença do vírus em amostras clínicas, de modo que, mesmo que uma mutação afete um dos alvos (S) do teste RT-PCR, os outros ainda funcionarão e serão detectados, não comprometendo o seu desempenho. Essa informação foi recentemente ratificada por um comunicado da ANVISA, recomendando que sejam utilizados testes de RT-PCR para SARS-CoV-2 com mais de um alvo; o que é o caso de quase toda a totalidade dos testes comerciais disponíveis no Brasil. Portanto, não existe motivos para preocupação em relação à possibilidade da nova cepa UK B.1.1.7 não ser detectada pelos testes utilizados na grande maioria dos laboratórios brasileiros.

- As plataformas disponíveis para a realização dos testes RT-PCR utilizadas pelo Richet, utilizam diferentes sondas, que possibilitam a detecção de vários alvos para o diagnostico do SARS-Cov-2, não havendo, portanto, perda de desempenho ou sensibilidade nos ensaios utilizados.

Plataformas de testes de RT-PCR para SARS-CoV-2 disponíveis no Richet e os genes detectados:

  1. Allplex, SARS-CoV-2, Seegene: Gene E, Gene RdRP, Gene N e Gene S
  2. GeneXpert SARS-CoV-2, Cepheid: Gene E, Gene N

 

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Dr. Helio Magarinos
Diretor Médico
CRM 52.47173-0
Diretor do Richet Medicina & Diagnóstico, Especialista em Patologia Clínica e Medicina Laboratorial com MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC. Membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clinica (SBPC), da American Association for Clinical Chemistry (AACC), da American Society for Microbiology (ASM), da American Molecular Pathology (AMP) e da European Society for Microbiology and Infectious Diseases (ESCMID).