Anunciada a liberação pelo FDA de nova droga para a diminuição de doença coronariana
O Congresso da American Association for Clinical Chemistry, que acontece anualmente nos EUA, é o maior encontro mundial de especialistas da área de diagnóstico in vitro e também um dos mais importantes, tanto pela parte científica quanto pelos lançamentos da indústria diagnóstica.
Em uma sessão plenária concedida pela Dra. Helen Hobbs, professora de Medicina e Genética Molecular da Universidade do Texas, foi descrita a história da descoberta, tida como promissora, de um novo tratamento para pacientes que têm níveis elevados de LDL-colesterol - o colesterol ruim. Níveis elevados de LDL-colesterol estão diretamente relacionados à ocorrência de doença coronariana, sendo as estatinas os medicamentos mais utilizados para o combate ao LDL-colesterol.
A posição das estatinas como tratamento de escolha para o combate ao LDL-colesterol, no entanto, se encontra ameaçada pelo lançamento de um novo tipo de medicamento à base de anticorpos terapêuticos contra a PCSK9, ou Proteína Convertase Subtilisina Kexina 9. Esta droga, tida como revolucionária, teve a sua aprovação anunciada pela agência reguladora americana FDA nesta última sexta-feira, 24 de Julho.
Toda a história começou com o estudo de um professor de aeróbica, de 40 anos, completamente saudável, que tinha níveis de LDL-colesterol extremamente baixos (14 mg/dL, quando o normal vai de 60 a 100 mg/dL), no qual foi percebido que também possuía níveis indetectáveis de PCSK9. A PCSK9 é uma substância que pode estar ligada aos receptores de LDL-colesterol, que são substâncias às quais as moléculas de LDL-colesterol se ligam para serem metabolizadas no interior das células hepáticas. Quando estes receptores se encontram ligados a PCSK9, eles são quebrados no interior das células hepáticas e perdem a sua função; entretanto, os receptores livres de PCSK9 não são inutilizados e, pelo contrário, voltam para a circulação e são reaproveitados, transportando mais LDL-colesterol para o interior dos hepatócitos.
Através da correlação do estudo de uma família francesa que tinha níveis muito altos de LDL-colesterol, elevada incidência de doença coronariana e níveis elevados de PCSK9, foi feita esta associação. Os estudos mostraram que indivíduos que mantêm baixa concentração de PCSK9, com consequente maior metabolismo e eliminação de LDL-colesterol, conseguem reduzir o seu risco para doença cardiovascular em até 80%. O novo medicamento, chamado de Praluent, à base de aniocumab - o anticorpo contra PCSK9 - deve estar em breve disponível no mercado americano. As pesquisas empolgaram os cardiologistas pelo fato da perspectiva de um efeito mais potente em relação à diminuição em até 70% dos níveis de LDL-colesterol, com possibilidade de menos efeitos colaterais do que as estatinas.