MALDI-TOF – Identificação Microbiana em Hemoculturas


24.10.16

A tecnologia MALDI-TOF (Matrix-Assisted Laser Desorption Ionization – Time of Flight) está sendo implementada no Laboratório Richet como uma sólida e rápida metodologia de identificação de microrganismos no setor de Microbiologia Clínica.

Os métodos microbiológicos tradicionais de identificação da maioria dos agentes infecciosos baseiam - se na análise fenotípica do metabolismo de provas bioquímicas dos microrganismos. Mesmo através da utilização de sistemas automatizados, o resultado final da identificação do agente etiológico das infecções leva, em muitos casos, entre 12 e 24 horas, podendo chegar a dias em algumas situações específicas. Muitas vezes os resultados, quando obtidos, perdem impacto clínico e atrasam a correta terapia antimicrobiana no tratamento do paciente.

A técnica de MALDI-TOF baseia-se na analise e detecção de um grande espectro de proteínas, que é capaz de discriminar espécies estreitamente relacionadas. Conhecida como espectrometria de massa – foi primeiramente utilizada para a identificação de bactérias em 1975, sem, entretanto, ter entrado na rotina da microbiologia clínica. Com o tempo, a técnica permitiu a detecção de moléculas de maior massa – como, por exemplo, as proteínas. A evolução ocorreu quando a matriz utilizada para ionizar as proteínas foi mudada para que pudesse ionizar as proteínas ribossomais – estas bem mais conservadas do que as proteínas de superfície – o que levou à identificação de espécies e até subespécies de muitos microrganismos.

Inúmeros estudos foram desenvolvidos nos últimos anos demonstrando a efetividade da técnica MALDI-TOF na rápida identificação bacteriana e fúngica. Outros protocolos foram desenvolvidos para identificar patógenos presentes em hemoculturas, a partir da aplicação da espectrometria de massa diretamente dos frascos de hemoculturas dos sistemas automatizados, quando detectados positivos.
Há ainda o desenvolvimento de estudos proteômicos para a identificação de fenótipos de mecanismos de resistência.

No sistema MALDI-TOF os microrganismos são colocados em uma placa que contém uma matriz polimérica. A placa é irradiada com um laser que vaporiza a amostra ionizando as moléculas que serão aspiradas e elevadas a um detector. Dependendo da molécula, o tempo de chegada será diferente (time of flight). Os dados obtidos através de gráficos que representam estas leituras serão comparados a uma base algorítmica que contém um grande número de espécies de relevância clínica – incluindo microrganismos aeróbios, anaeróbios, micobactérias, leveduras e fungos filamentosos. O procedimento é muito rápido e os resultados são obtidos em minutos.

A aplicação da espectrometria de massa através da técnica de MALDI-TOF à microbiologia clínica é inegável. Trata-se de uma ferramenta simples, rápida e altamente confiável, que substitui os métodos fenotípicos convencionais para a identificação bacteriana e fúngica na rotina do laboratório clínico, minimizando o tempo para a realização de diagnósticos fundamentais e otimizando a terapia antimicrobiana.

Com a utilização da técnica MALDI-TOF já é possível à obtenção da identificação de microrganismos diretamente das garrafas de hemocultura. Ou seja, a partir do momento em que haja a sinalização de positividade na amostra, já é possível obter a identificação de gênero e espécie na maioria dos casos, em cerca de 30 minutos. Esta nova implementação permite o ganho de cerca de 12 a 48 horas na liberação dos resultados de hemocultura, sendo de fundamental importância para o tratamento dos casos de sepse.

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