*Atualizado em Janeiro/2018
1. Quadro clínico
A Febre Amarela geralmente inicia com sintomatologia inespecífica, que pode ser confundida com diversas outras condições, incluindo estados gripais e outras infecções por Flavivirus, como Dengue. Após o período de 3 a 6 dias de incubação, a doença inicia com uma fase virêmica e síndrome gripal. Em casos leves nenhum sintoma adicional aparece, por isso a febre amarela muitas vezes não é diagnosticada e tratada, se resolvendo de forma espontânea. Os sintomas clínicos típicos da febre amarela são casos de febre com longa duração de 3 a 4 dias, acompanhado de náuseas, vômitos, cefaleia, lombalgia e icterícia, ocorrendo intervalo afebril de 1 a 2 dias, após o qual inicia-se o segundo estágio da doença. Supõe-se que a doença seja infecciosa durante a primeira semana. Durante o segundo estágio, a febre alta é retomada, seguida de sangramentos na pele e mucosas, sintomas neurológicos, meningites, perda da função renal e hepática. Os antígenos virais induzem à necrose programada de células do fígado iniciado por linfócitos T- e B- (apoptose dos hepatócitos) pela ativação de receptores FAS. A menor taxa de mortalidade é observada em crianças e adolescentes, com idade abaixo de 14 anos, e a taxa mais alta ocorre em adultos de 20 a 30 anos (até 50%). Havendo recuperação, os indivíduos desenvolvem imunidade para toda a vida.
Não existe terapia específica contra a infecção da febre amarela e o tratamento é sintomático, com reposição hídrica e de fatores da coagulação. A vacinação é recomendada para quem vive em áreas endêmicas ou de surto, ou para quem pretende visitar essas áreas. A proteção torna-se efetiva após 10 dias e dura por pelo menos 10 anos. Além disso, medidas de proteção gerais contra a picada do mosquito devem ser tomadas.
2. Diagnóstico
O diagnóstico clínico de Febre Amarela (FA) e a identificação de eventos adversos associados à vacinação para FA são particularmente difíceis devido à semelhança dos sintomas à uma ampla gama de doenças (por exemplo, dengue, leptospirose, hepatite viral, malária e outras doenças hemorrágicas). Como critérios para o diagnóstico laboratorial de FA, a OMS recomenda a detecção de IgM específica para o vírus da Febre Amarela (VFA) ou um aumento de quatro ou mais vezes nos títulos de IgG, na ausência de vacinação recente para FA e de diagnóstico positivo para outras Flaviviroses. Este último aspecto é particularmente importante em áreas endêmicas para outras Flaviviroses, como Dengue e Zika vírus. Existem relatos da ocorrência de reatividade cruzada para os anticorpos do tipo IgM com outras Flaviviroses em torno de 20% dos casos. Outro aspecto importante diz respeito a pessoas vacinadas, pois os anticorpos IgM podem permanecer circulantes, nestes casos, por um período mais prolongado, que pode chegar a 2 ou 3 anos. A pesquisa de RNA do VFA em amostras de sangue é também uma opção diagnóstica nos casos de dúvidas em relação à sorologia; entretanto, assim como acontece com outras Flaviviroses, o período ideal para a detecção só ocorre nos primeiros dias após o início da sintomatologia, em média até o quinto dia.
Exames disponíveis (em amostras de sangue)
Anticorpos IgG e IgM para Febre Amarela, método Imunofluorescência Indireta (IFI)
Pesquisa de RNA PCR para Febre Amarela
Recomendações: Devido à possibilidade reatividade cruzada com outras Flaviviroses, é recomendado a inclusão da pesquisa de Anticorpos IgG e IgM e Antígeno NS1 para Dengue. Se houver indicação clínica, também pode ser adicionada a Pesquisa de Anticorpos IgG e IgM para Zika vírus.