Apesar do reconhecimento do sucesso dos programas de saúde pública voltados ao combate à Tuberculose, a incidência no Brasil ainda permanece relativamente elevada em relação ao outros países. Segundo o Ministério da Saúde, a maior concentração de casos ocorre nos estados do Rio de Janeiro e do Amazonas1.
O percentual de cura da tuberculose recomendado pela OMS é de 85%. Atualmente este percentual no Brasil se encontra em torno de 75%. Calcula-se que o correto tratamento da tuberculose tenha evitado cerca de 6 milhões de mortes em todo o mundo nos últimos 15 anos, configurando com uma das maiores intervenções em saúde pública já realiza. Entretanto, quando o paciente começa a receber o tratamento, ele já transmitiu a doença a muitos outros indivíduos, fazendo com que a cada ano surjam mais casos do que no ano anterior. A emergência de casos de tuberculose multirrresistente (MDR), que são resistentes a pelo menos Rifampicina e Isoniazida e os resistente a todas as drogas (XDR), desafia todos os programas de controle da tuberculose, se configurando em uma grande ameaça. A OMS estima que apenas cerca de 2% - 5% dos casos de multirresistência sejam corretamente diagnosticados e tratados2.
O sucesso da cura e do controle da transmissão da tuberculose está diretamente relacionado à eficácia do diagnóstico, pois quanto antes o paciente infectado inicia o tratamento, maiores serão as suas chances de cura e menores as possibilidades de disseminação da doença. O teste mais utilizado para o diagnóstico de tuberculose, a pesquisa de Bacilos Álcool-Ácido Resistentes (BAAR) foi criado há 125 anos e possui grau de sensibilidade bastante inadequado, deixando de diagnosticar cerca de 50% dos casos. Já o teste mais sensível, a cultura para micobactérias, pode levar até 45 dias para positivar e mais de 60 para o teste de sensibilidade.
O teste GeneXpert MTB, já disponível há alguns anos no nosso meio, tem se mostrado como uma poderosa arma no combate à doença, já que apresenta grau de sensibilidade e de especificidade comparáveis com os testes até então disponíveis, tendo a vantagem de fornecer resultados mais rápidos e com a informação adicional de resistência à Rifampicina.
Um dos estudos mais importantes sobre a utilização do teste foi o publicado no New England Journal of Medicine, Boehme et al3, que avaliou um o teste baseado na tecnologia de PCR em tempo real em uma plataforma automatizada, capaz de fornecer resultados em até 24hda realização do exame de pesquisa de DNA de Mycobacterium tuberculosis e também a pesquisa de mutações que conferem resistência à Rifampicina (MTB/RIF GeneXpert, Cepheid, EUA). Os resultados obtidos, assim como os que já haviam sido obtidos em outros estudos4 se mostram bastante confiáveis, apresentando grau de sensibilidade para a pesquisa de M. tuberculosis de 98,2% e de 72,5%, respectivamente para amostras BAAR positivas e BAAR negativas com cultura positiva, e 99,2% de especificidade. Nestes casos (BAAR negativo e Cultura positiva), quando foram acrescentados testes em mais uma e duas amostras, o grau de sensibilidade sofreu um acréscimo de 12,6% e 5,1%, respectivamente, atingindo 90,2%. Em relação à detecção de resistência à Rifampicina, o teste apresentou 97,6% de sensibilidade e 98,1% de especificidade.
O Laboratório Richet foi o primeiro laboratório privado do Brasil a disponibilizar o teste GeneXpert MTB/RIF, em 2009. O teste é preconizado para ser utilizado em amostras de escarro.
Referências Bibliográficas