A doença arterial coronariana (DAC) é a principal causa de óbito em países desenvolvidos e no Brasil ela ocupa o segundo lugar, perdendo para a doença cerebrovascular.
Estima-se a prevalência de angina em 12-14% dos homens e em 10-12% das mulheres com idade entre 65 a 84 anos.
A cintilografia de perfusão miocárdica (CPM) avalia a repercussão de uma obstrução coronariana (caso ela exista) na musculatura cardíaca, de acordo com o território de irrigação coronariana. Ela é importante não apenas para o diagnóstico de áreas miocárdicas com menor perfusão, decorrentes de obstruções coronarianas, mas, sobretudo, pode informar a magnitude (intensidade e extensão) da área acometida, o que auxilia na decisão terapêutica.
A cintilografia miocárdica oferece, ainda, informações sobre a função ventricular esquerda, tamanho da cavidade ventricular e possível presença de radiofármaco nos pulmões, dados estes importantes, visto que indivíduos com fração de ejeção do ventrículo esquerdo reduzida, dilatação da cavidade ventricular e captação pulmonar têm pior prognóstico.
Base Científica:
O conceito geral da CPM é demonstrar um mapa da perfusão miocárdica regional através de dois eventos sequenciais: 1) chegada do radiofármaco (RF) ao miocárdio e 2) presença de células miocárdicas metabolicamente ativas, viáveis, para permitir a entrada do RF. Deste modo a CPM mostrará uma área pobre em fótons se esta área apresentar diminuição do fluxo (como na obstrução coronariana) ou perda da viabilidade celular (como no IAM).
O RF utilizado é o Sestamibi-99mTc (hexaquis-2-metoxi-isobutil-isonitrila marcado com tecnécio 99 metaestável). O Sestamibi é um cátion monovalente lipofílico que se difunde passivamente a partir do compartimento vascular e aparentemente se localiza na mitocôndria e no citoplasma das células com base no potencial de carga elétrica negativa.
A captação do Sestamibi no miocárdio é rápida, proporcional ao fluxo sanguíneo e sofre redistribuição desprezível.
O Sestamibi é marcado com tecnécio, por isso fornece imagens de alta qualidade e disponibilidade.
INDICAÇÕES
• No diagnóstico de isquemia miocárdica decorrente de coronariopatia obstrutiva em pacientes:
- com probabilidade pré-teste intermediária, isto é quando há discordância entre a clínica e a prova funcional, (paciente assintomático com teste ergométrico positivo, paciente sintomático com teste ergométrico negativo, mulheres com angina atípica);
- ritmos de pré-excitação, ritmo de marca-passo, hipertrofi a ventricular esquerda;
• Na investigação de indivíduos com alto risco ocupacional (piloto de avião, por exemplo) ou impossibilitados de realizar teste ergométrico efi caz por limitações osteoarticulares, vasculares periféricas, uso de medicações que impeçam a elevação da frequência cardíaca ou baixa capacidade funcional;
• Em pacientes com coronariopatia obstrutiva conhecida, na avaliação da repercussão isquêmica de lesão limítrofe (30 a 60% de obstrução pela coronariografi a);
• Em coronariopatas, na estratifi cação de risco e avaliação prognóstica de pacientes com angina estável, e consequentemente no auxílio da decisão terapêutica (clínica X cirúrgica);
• Na estratifi cação de risco pós-IAM e angina instável, e na estratifi cação de risco para pacientes que vão se submeter a cirurgias não cardíacas (em especial vascular);
• Na avaliação de isquemia após procedimento de revascularização miocárdica ou angioplastia (detecção de reestenose ou complicações);
• Na monitorização terapêutica e avaliação da eficácia de tratamento clínico;
• Na detecção da presença de viabilidade miocárdica em pacientes com miocardiopatia isquêmica com disfunção ventricular.
Interpretação dos resultados
Em indivíduos com probabilidade intermediária/alta de DAC, uma CPM normal implica taxa muito baixa de eventos agudos, como morte e infarto do miocárdio, inferior a 1% ao ano. Por outro lado, o risco aumenta proporcionalmente à gravidade das alterações de perfusão sugestivas de isquemia, chegando a 3% ao ano quando são discretas e a 7% ao ano quando são de grande intensidade.
TESTE: Cintilografia de Perfusão Miocárdica: exame realizado em duas etapas: repouso e estresse.
O estresse pode ser tanto físico, quanto farmacológico. Pessoas que conseguem correr na esteira geralmente são encaminhados para o estresse físico . Pessoas sem preparo físico adequado, ou que possuem alguma limitação física, geralmente realizam o estresse farmacológico.
RADIOTRAÇADOR: Sestamibi-99mTc
PREPARO: Suspender o uso de cafés, chás, chocolates, achocolatados, refrigerantes, bebidas energéticas e alcoólicas por no mínimo 24 horas.
Não é necessário estar em jejum. Usar roupas leves e confortáveis
Atenção: É necessário a suspensão do uso de alguns medicamentos para a realização do exame (como betabloqueadores, bloqueadores de canais de cálcio, nitratos, medicamentos que contenham cafeína e aminofilina), sob autorização do médico do paciente.
Cortes tomográficos de perfusão miocárdica (Sestamibi-99mTc) reconstruídos no eixo curto. A linha superior representa as imagens de esforço e a linha inferior representa as imagens em repouso, de um estudo normal.
Representação tridimensional do coração com delimitação do epicárdio e endocárdio para visualização da motilidade parietal.
Valores de fração de ejeção, volumes diastólicos e sistólicos finais.
Representação gráfica das imagens funcionais de Gated SPECT. Da esquerda para a direita observamos: imagens do coração no final da sístole e diástole para avaliação do espessamento sistólico; mapas polares da perfusão para análise da reversibilidade perfusional e representação esquemática da quantificação dos parâmetros funcionais dos 20 segmentos miocárdicos do ventrículo esquerdo.
Cortes tomográficos de perfusão miocárdica (Sestamibi-99mTc) reconstruídos no eixos ortogonais (eixo curto, longo vertical e longo horizontal). Em cada um dos eixos, a linha superior representa as imagens de esforço e a linha inferior representa as imagens em repouso.
Equipe Médica responsável pela modalidade:
- Dr. Antonio Siciliano – Responsável Técnico Diagnóstico por Imagem | CRM 52.59253-6
- Dra. Silmara Regina Segala Gouveia – Coordenadora de Medicina Nuclear | CRM 52.105911-4
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