Os surtos de dengue que acometem a sociedade a cada verão já viraram quase que normais nos últimos anos nas metrópoles , apesar de ter prevenção simples, através de cuidados simples para que não se deixe água parada, o que possibilita a proliferação em grande escala do mosquito transmissor. E neste verão não deverá vir sozinho.
O mesmo mosquito transmissor da dengue, também é o transmissor da doença viral Chikungunya (vírus CHIKV), o Aedes aegypti. O novo vírus, para ficar mais fácil o entendimento é como um “primo” da dengue, porém como sintomas mais graves, uma vez que podem durar de 6 meses a 1 ano.
A febre chicungunha é transmitida por mosquito Aedes aegypti e o Aedes albopictus. Nos últimos anos, inúmeros casos da doença foram registrados em países da Ásia e da Europa. Recentemente, o vírus CHIKV foi identificado em ilhas do Caribe e na Guiana Francesa, país latino-americano que faz fronteira com o estado do Amapá.
Em 2014, no Brasil, entre os meses de julho e agosto, foram confirmados 37 casos de Chikungunya importados, de pacientes originários, principalmente, do Haiti e República Dominicana. Em setembro, foram confirmados dois casos autóctones no município do Oiapoque, Amapá. Ambos os casos são de residentes no município, sendo filha e pai, com início dos sintomas em 26 e 27 de agosto, respectivamente, segundo o Ministério da Saúde.
O certo é que o Chikungunya já migrou e chegou às Américas. No Brasil, a preocupação é que os mosquitos transmissores da dengue e da febre amarela, tem todas as condições de espalhar esse novo vírus pelo País. Seu ciclo de transmissão é mais rápido do que o da dengue. Em no máximo sete dias a contar do momento em que foi infectado, o mosquito começa a transmitir o CHIKV para uma população que não possui anticorpos contra ele.
Uma vez que o indivíduo é picado, demora no geral de dois a 12 dias para a febre chikungunya se manifestar, sendo mais comum cinco a seis dias.
Ela recebeu esse nome pois chikungunya significa “aqueles que se dobram” no dialeto Makonde da Tanzânia, termo este usado para designar aqueles que sofriam com o mal. A doença, apesar de pouco letal, é muito limitante. O paciente tem dificuldade de movimentos e locomoção por causa das articulações inflamadas e doloridas, daí o “andar curvado”.
Sintomas da doença incluem febre acima de 39 graus, de início repentino, e dores intensas nas articulações de pés e mãos – dedos, tornozelos e pulsos. Pode ocorrer, também, dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele ou maculopapular do tronco e ocasionalmente os membros, e artralgia ou artrite que afetam várias articulações. Cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas.
O vírus só pode ser detectado em exames de laboratório. São três os tipos de testes capazes de detectar o Chikungunya: sorologia, PCR em tempo real (RT?PCR) e isolamento viral.
Isolamento do vírus fornece o diagnóstico mais definitivo, mas leva 1-2 semanas para a conclusão e deve ser realizado em laboratórios de Biossegurança Nível 3. A técnica envolve a exposição de linhagens de células específicas para amostras de sangue total e identificação de vírus específicos chikungunya respostas.
Não existem tratamentos específicos, assim como ainda não há vacina disponível. Os casos suspeitos de Chikungunya devem ser comunicados e/ou notificados em até 24 horas a partir da suspeita inicial às Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde e ao Ministério da Saúde.
Até o momento não existe um tratamento específico para Chikungunya, como no caso da dengue. Os sintomas são tratados com medicação para a febre (paracetamol) e as dores articulares (antiinflamatórios). Não é recomendado usar o ácido acetil salicílico (AAS) devido ao risco de hemorragia. Recomenda?se repouso absoluto ao paciente, que deve beber líquidos em abundância.
Como mencionado anteriormente vale ressaltar que, diferentemente da dengue, por exemplo, doença viral transmitida pelos mesmo vetores, uma parte dos indivíduos infectados pode desenvolver a forma crônica da doença, com a permanência dos sintomas, que podem durar entre 6 meses e 1 ano. O diagnóstico diferencial com a febre hemorrágica da dengue é extremamente importante, razão pela qual, ao aparecimento dos sintomas é fundamental buscar socorro médico em ambas as doenças.
Segundo o LIRAa (Índice Rápido do Aedes aegypti), os principais focos do mosquito transmissor são depósitos de armazenamento de água, como caixas d'água e tonéis; depósitos domiciliares, como calhas e pratos de plantas; e lixo domiciliar, como pneus e garrafas vazias. A predominância de um ou outro varia de acordo com a região. No Norte e no Sul, o lixo é o principal tipo de foco: 46,6% e 47,3% respectivamente. No Nordeste, os depósitos de armazenamento de água representam 78,8% dos focos. No Sudeste, é o depósito domiciliar: 55,1%. No Centro-Oeste há um maior equilíbrio: 36,8% dos focos são depósitos de armazenamento de água, 32,7% são lixo e 30,6% são depósitos domiciliares. (o Globo - Sociedade - 04 de novembro de 2014)
O tratamento da dengue é de apoio, assim como mencionado anteriormente, deve ser tratado com reidratação oral ou intravenosa para os casos leves ou moderados e fluidos intravenosos e transfusão de sangue para os casos mais graves. O número de casos da doença tem aumentado dramaticamente desde os anos 1960, com cerca de 50 a 390 milhões de pessoas infectadas todos os anos (Ministério da Saúde).
O dengue clássico se inicia de maneira súbita e podem ocorrer febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores nas costas. Às vezes aparecem manchas vermelhas no corpo. A febre dura cerca de cinco dias com melhora progressiva dos sintomas em 10 dias. Em alguns poucos pacientes podem ocorrer hemorragias discretas na boca, na urina ou no nariz. Raramente há complicações.
O Dengue, além da sua versão clássica, também apresenta duas mutações que decorrem:
O importante em ambos os casos, dengue ou Chikungunya é a procura por atendimento especializado. Evite a auto-medicação e procure um médico, assim que qualquer um dos sintomas se apresentem, o tratamento precoce ainda é o melhor remédio para qualquer uma das doenças.