TUBERCULOSE – 15.000 anos de doença
De todas as doenças que afetam a humanidade, a Tuberculose é uma das mais antigas e também uma das que mais desafiam médicos e pesquisadores há milênios. Estima-se que a humanidade conviva com esta doença há aproximadamente 15.000 anos, desde que passou a viver em grupamentos e a conviver com animais domesticados. Diversos achados arqueológicos evidenciam a presença da doença nas antigas civilizações, como o Antigo Egito, Grécia Antiga e Império Inca. A primeira descrição da Tuberculose como doença vem justamente de quem é conhecido como o pai da medicina, Hipócrates, entre 400 e 350 a.C. Em todos estes anos, a Tuberculose destruiu uma quantidade inestimável de vidas, incluindo grandes nomes como Castro Alves e Manoel Bandeira.
Calcula-se que um terço de toda a população mundial se encontre infectada pelo bacilo da Tuberculose e que a cada segundo ocorra um novo caso. O Brasil, apesar de ter apresentado progressos em relação à diminuição de novos casos, ainda figura entre os 22 países detentores de 80% de todos os casos do mundo, ocupando a décima nona posição. O Ministério da Saúde anunciou que houve redução na taxa de novos casos entre os anos de 2008 e 2010, que representa cerca de 3.000 novos casos a menos no período; entretanto, na quantidade de casos totais, a doença ainda representa um grave problema de saúde pública, atingindo cerca de 38 a cada 100.000 pessoas. A Tuberculose é a terceira maior causa de morte por doenças infecciosas e a primeira entre pacientes com AIDS. O Estado do Rio de Janeiro ocupa a primeira posição no Brasil em número de casos, com cerca de 70 a cada 100.000 habitantes.
Durante muitos anos, a Tuberculose permaneceu de certa forma controlada e de forma decrescente; entretanto, nos últimos, não apenas a quantidade de casos aumentou, como também ocorreu o surgimento de casos de bacilos resistentes às drogas até então utilizadas. Em algumas regiões da Europa Oriental e Ásia, já se registram até 20% de casos em que a bactéria é resistente a pelo menos duas das principais drogas utilizadas, o que a caracteriza como multirresistente ou MDR-TB.
O Combate à doença depende de políticas de saúde pública que devem envolver programas de diagnóstico, tratamento e prevenção. No caso da Tuberculose, o diagnóstico precoce é de fundamental importância para a quebra do ciclo de transmissão da doença. Um teste relativamente novo, que começou a estar disponível em laboratórios clínicos há cerca de dois anos, tem se mostrado como uma poderosa arma para este fim. Baseado em técnicas de biologia molecular, que detectam fragmentos do DNA da bactéria responsável pela doença, o teste é capaz de diagnosticar 90% dos casos de tuberculose, com duas vantagens principais: fornece resultados em cerca de 1 hora e meia e indica a presença de bactérias multirresistentes. A instalação deste tipo de inovação em unidades de atendimento à saúde, assim como a inclusão na lista de procedimentos cobertos pelos planos de saúde deve ser uma prioridade para um combate eficaz à uma doença. Com esta poderosa arma nas mãos, temos, finalmente depois de milhares de anos, uma grande oportunidade para reduzir significativamente a incidência da Tuberculose, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, já que o diagnóstico rápido, logo no início da doença, é a melhor forma de evitar a sua disseminação.