Painel para Gastroenterites Infecciosas
As gastroenterites infecciosas afetam uma grande parte da população mundial. A OMS estima que ocorram cerca de 2 bilhões de casos a cada ano, sendo a principal causa de morbidade e mortalidade de origem infecciosa e a maior causa de mortalidade em crianças menores de 5 anos. A grande maioria das diarreias de origem infecciosa são tratáveis, entretanto, em muitos dos caso, o isolamento do agente etiológico não é feito de forma adequada. Mesmo quando são realizados os exames adequados, cerca de 30% dos casos podem permanecer sem etiologia definida. Diversos motivos podem influenciar na dificuldade em se isolar o agente etiológico, sendo a diversidade desses agentes, a principal das causas. A origem das gastroenterites infecciosas pode ser parasitária, bacteriana ou viral.
Gastroenterites Bacterianas
Os principais agentes bacterianos relacionados com gastroenterites incluem os gêneros Salmonella, Shigella, Escherichia, Staphylo, Aeromonas, Plesiomonas,Yersinia e Campylobacter. Na maioria dos laboratórios clínicos, a coprocultura é realizada utilizando meios seletivos para os seis primeiros agentes, deixando os últimos dois (Yersinia e Campylobacter) apenas para pesquisas específicas, solicitadas de forma especial ao laboratório. Este procedimento pode trazer uma grande limitação à sensibilidade da coprocultura, devido ao fato da grande incidência de Campylobacter associada a processos gastroentéricos. Ainda, não devemos esquecer os casos de diarreias associadas à toxina do Clostridium difficile, que também não faz parte do painel de coproculturas. Neste caso, o teste mais indicado é a pesquisa da toxina por método P.C.R., que consiste na detecção do DNA bacteriano, incluindo a análise genética responsável pela produção da toxina B e do ribotipo NAPI 027, responsável pela produção de cepas mais virulentas, que podem levar aos casos de megacolon tóxico e estados que simulam sepse, por serem capazes de produzir quantidades de toxina 20 maiores do que a cepa menos virulenta. O teste por P.C.R. apresenta grau de sensibilidade cerca de 40% superior à pesquisa da toxina por metodologia imunológica, tradicional.
A Campilobacteriose é uma zoonose de distribuição mundial, sendo apontada como uma das principais causas de diarreias causadas por bactérias. A transmissão ocorre através do contato com animais e ingestão de produtos animais mal cozidos ou manipulados de forma inadequada. Estima-se que oCampylobacter esteja envolvido em até 20% dos casos de diarreia, sendo as espécies mais comuns C. jejuni e C. coli. Este percentual corresponde a aproximadamente o dobro do observado para as infecções causadas porSalmonella, a segunda maior causa de diarreias bacterianas. Apesar disso, a grande maioria dos laboratórios clínicos não inclui a pesquisa de Campylobacterno painel de coproculturas, devido à necessidade de meios seletivos e condições de incubação especiais. Outra dificuldade é a identificação do germe, já que não é possível através dos equipamentos automatizados, necessitando de métodos bioquímicos extremamente trabalhosos, ou imunológicos ou ainda identificação através da análise proteica (MALDI-TOF).
Além dos efeitos no trato gastrintestinal, as campilobacterioses podem também estar envolvidas em infecções extraintestinais, que incluem bacteremia, hepatite, colecistite, pancreatite, aborto e sepse neonatal, nefrite, prostatite, infecção do trato urinário, peritonite, miocardite e infecções focais, incluindo meningite, artrite séptica e formação de abscessos. O C. jejuni também pode estar associado ao desenvolvimento de Síndrome de Guillain-Barré (SGB). Cerca de 20% a 40% dos casos de SGB estão associados às infecções prévias (1 a 3 semanas) por C. jejuni.
Painel de Gastroenterites
As gastroenterites infecciosas podem ter origem parasitária, bacteriana ou viral. Nos últimos anos, foram desenvolvidos testes capazes de identificar grande parte dos microrganismos envolvidos nesses processos.
Um painel para a pesquisa completa de Gastroenterites infecciosas deve incluir:
Parasitas:
Neste caso, a inclusão da pesquisa de antígenos fecais acrescenta cerca de 20% – 30% mais sensibilidade do que um exame parasitológico simples.
Bactérias:
Obs: A inclusão das culturas para Campylobacter e Yersinia cobre a grande maioria dos casos de gastroenterites de origem bacteriana. A pesquisa para C. difficile só deve ser incluída nos casos aonde haja suspeita clínica (antibióticoterapia prévia ou infecção nosocomial).
Vírus:
Obs: Os quatro tipos de vírus são os mais comumente associados às infecções gastrointestinais, sendo que o Rotavirus corresponde a cerca de 60% dos casos em crianças e o Adenovirus ocorre com maior frequência em crianças até 2 anos e imunocomprometidos. Já o Norovirus está associado à transmissão através de alimentos e o Astrovirus a surtos em escolas, creches, etc.
O teste é feito em amostras de fezes, coletadas em frascos fornecidos pelo laboratório.
ENGLISH
Panel for Infectious Gastroenteritis
The infectious gastroenteritis affects a large proportion of the world population. The WHO estimates that there are about 2 billion cases each year and is the leading cause of morbidity and mortality of infectious origin and the leading cause of mortality in children under 5 years. The vast majority of infectious diarrhea source are treatable, however, in many cases, the isolation of the causative agent is not done properly. Even when the appropriate examinations are performed, approximately 30% of cases may remain of unknown etiology. Several reasons can influence the difficulty in isolating the causative agent, and the diversity of these agents, is the main cause. The origin of infectious gastroenteritis can be parasitic, bacterial or viral.
Bacterial gastroenteritis
The main bacterial gastroenteritis is related to the genera Salmonella, Shigella,Escherichia, Staphylococcus, Aeromonas, Plesiomonas, Yersinia, andCampylobacter. In most clinical laboratories, fecal culture is performed using selective media for the first six players, leaving the last two (Yersinia andCampylobacter) only for specific searches, to be done only when there is a specific request a to the lab. This can bring a major limitation to the sensitivity of fecal culture, due to the fact that the high incidence of Campylobacterassociated with gastroenteric processes. Still, we must not forget the cases of diarrhea associated with Clostridium difficile toxin, which is also not part of the panel for coproculture. In this case, the most appropriate test is the research for toxin using PCR methods, which consists in the detection of bacterial DNA, including genetic analysis responsible for production of toxin B and NAPI ribotype 027, responsible for the production of more virulent strains, which may lead to cases of toxic megacolon and states that simulate sepsis, by being able to produce 20 times larger quantities of toxin. The test for P.C.R. shows the degree of sensitivity about 40% higher than the survey’s methodology toxin by traditional immune test.
? Diarrhea caused by Campylobacter
The Campylobacteriosis is a zoonosis of worldwide distribution, being singled out as a major cause of diarrhea caused by bacteria. Transmission occurs through contact with animals and animal products ingesting undercooked or improperly handled. It is estimated that Campylobacter is involved in 20% of cases of diarrhea, being the most common species C. jejuni and C. coli. This percentage corresponds to approximately twice that observed for infections caused by Salmonella, the second leading cause of bacterial diarrhea. Nevertheless, most clinical laboratories do not include the study ofCampylobacter stool panel due to the need of selective media and specific incubation conditions. Another difficulty is the identification of the microbe, since it is not possible via automated, requiring extremely labor intensive biochemical methods, immunological or even identification by protein analysis (MALDI-TOF).
Besides the effects on the gastrointestinal tract, the campylobacterioses may also be involved in extraintestinal infections, including bacteremia, hepatitis, cholecystitis, pancreatitis, abortion and neonatal sepsis, nephritis, prostatitis, urinary tract infections, peritonitis, myocarditis and focal infections, including meningitis , septic arthritis and abscess formation. The C. jejuni may also be associated with the development of Guillain-Barré syndrome (GBS). About 20% to 40% of cases of GBS infections are associated with previous infection (1-3 weeks) by C. jejuni.
Panel for Gastroenteritis
The infectious gastroenteritis may originate parasitic, bacterial or viral. In recent years, new tests have been developed to identify most of the microorganisms involved in these processes.
A panel for the thorough research of infectious gastroenteritis should include:
Parasites: ? Parasitological Stool ? Fecal Antigen for Giardia lamblia ? Fecal Antigen for Entamoeba histolytica ? Fecal Antigen for Cryptosporidium parvum
In this case, the inclusion of faecal antigen search adds approximately 20% – 30% more sensitivity than a simple parasitological examination.
Bacteria: ? faecal cultures ? Culture for Campylobacter ? Culture for Yersinia ? Research Toxin of Clostridium difficile by PCR method
Note: The inclusion of crops for Campylobacter and Yersinia covers the majority of cases of bacterial gastroenteritis. The search for C difficile should be included only in cases where there is clinical suspicion (prior antibiotic therapy or nosocomial infections).
Viruses: ? Rotavirus ? Adenovirus ? Norovirus ? Astrovirus
Note: The four types of viruses are most commonly associated with gastrointestinal infections, and the Rotavirus accounts for about 60% of cases in children and Adenovirus occurs more frequently in children up to 2 years and immunocompromised. Norovirus is already associated with transmission through food and Astrovirus outbreaks in schools, kindergartens, etc..
The test is done on fecal samples collected in bottles provided by the laboratory.
Referências bibliográficas