A doença de Lyme, também chamada de borreliose, é uma infecção bacteriana transmitida por carrapatos. Causada pela bactéria Borrelia burgdorferi, encontrada em carrapatos da espécie Ixodes e Amblyomma cajennense (ou carrapato-estrela, causador da febre maculosa), a doença é conhecida como “a grande imitadora”, pois ela possui diversos sintomas de doenças comuns, como os da gripe.
A doença de Lyme ficou mais conhecida em 2014, por conta da cantora canadense Avril Lavigne. A artista ficou quase quatro anos em tratamento, e chegou a confessar em uma entrevista que, por muitas vezes, achou que as dores da doença fossem matá-la.
As manifestações sintomáticas podem durar semanas ou até meses, e podem evoluir para complicações mais graves, como artrite, e até desenvolver algumas condições neurológicas. Os primeiros sintomas são o surgimento de uma mancha vermelha no local da picada (que vai aumentando ao longo do tempo), cansaço, febre e dores de cabeça.
A doença de Lyme é classificada como uma zoonose, ou seja, que pode afetar homens e animais. Tal condição exige atenção redobrada com os animais de estimação, pois eles podem trazer carrapatos para dentro de casa.
Apesar de não ser muito comum no Brasil, a doença pode deixar sequelas e até levar à morte. Por isso, uma das maiores preocupações das autoridades de saúde é realizar um diagnóstico precoce e identificá-la o quanto antes. Pessoas com a doença costumam apresentar um quadro de febre até 30 dias após a picada do carrapato, por exemplo, e devem informar ao médico caso tenham tido contato com o inseto no último mês.
O nome da doença surgiu em 1975, nos Estados Unidos, após um surto na cidade de Lyme, em Connecticut. Como a doença ainda era desconhecida no período, muitos acreditavam se tratar de artrite, pela semelhança dos sintomas. Muitas mães, inclusive, estavam preocupadas com seus filhos, pois eles estavam sendo diagnosticados com artrite reumatoide, uma doença que geralmente acomete pessoas mais velhas. Posteriormente, em meio a um surto de “artrite” e sintomas relacionados à dores nas articulações, pesquisadores identificaram a bactéria causadora da doença.
Como dito acima, a doença de Lyme é causada pela bactéria Borrelia burgdorferi, porém a transmissão ocorre através de picadas dos carrapatos. No momento da picada, a bactéria invade a corrente sanguínea e se espalha pelo corpo.
Para que o carrapato transmita a doença de Lyme, ele precisa ficar preso ao corpo do indivíduo por bastante tempo: em torno de seis a 24 horas, no mínimo. É importante ressaltar que, quanto menor for o carrapato, maiores são as chances de contrair a doença de Lyme, pois eles são mais difíceis de serem detectados e aderem à pele com mais facilidade.
Não existem estudos ou evidências médicas de que a transmissão da doença de Lyme possa ocorrer de humano para humano, da mesma forma que não há provas de que a bactéria seja transmitida através do leite materno. No entanto, há registros de transmissão da doença em gestantes para seus bebês, durante o período de gravidez, quando as mães estão infectadas pela doença.
Por se tratar de um inseto que normalmente não habita o meio urbano, o maior fator de risco é o contato com a natureza. Outro fator de risco comum é o contato com animais de estimação, que podem trazer os hospedeiros para dentro de casa.
Assim, os principais grupos de risco são:
As manifestações sintomáticas da doença de Lyme costumam aparecer em 3 estágios, evoluindo em três fases da doença.
Esse é o período de incubação da bactéria, e o principal sintoma dessa fase é a mancha vermelha (eritema migratório) logo após a picada. A mancha vermelha se manifesta no local da picada. Em alguns casos, há a possibilidade de surgirem múltiplas manchas.
O eritema pode apresentar formas distintas: na maioria dos casos, ele lembra um “alvo”, com anéis avermelhados em volta e um centro vermelho. Às vezes, surge somente uma grande mancha vermelha, com formato irregular. Há casos ainda em que surgem feridas e crostas ou com aparência de lesões de dermatofitoses. Ou seja, depende muito da condição do organismo da pessoa que sofreu a picada.
Por muitas vezes, porém, a mancha não aparece. Algumas pessoas sequer notam qualquer mudança, enquanto outras sofrem com eritemas enormes. Mais uma vez, vai depender da condição do organismo do paciente. Da mesma forma, as manchas podem coçar e doer em alguns casos, assim como podem ficar sensíveis e quentes ao toque.
É comum que o eritema aumente de tamanho com o passar do tempo. Ele desaparece cerca de 4 semanas após a picada. Há casos em que a mancha reaparece, mesmo depois de ter sumido completamente.
Após a incubação da bactéria Borrelia burgdorferi, começam a surgir os principais sintomas.
Os sintomas desaparecem e reaparecem, e podem ser facilmente confundidos com manifestações sintomáticas de outras doenças, o que exige bastante atenção. Em algumas ocasiões, o quadro pode evoluir para complicações mais graves, podendo afetar o sistema nervoso e o coração.
Quando não tratada de forma adequada, a doença de Lyme pode levar a uma etapa tardia. Esta fase pode durar meses ou até anos, e os sintomas podem sumir e reaparecer de maneira recorrente, por isso também é conhecida como crônica.
Os sintomas se tornam complicações reumatológicas graves. Mais da metade das pessoas desenvolvem artrite e apresentam inchaços e dores nas grandes articulações, principalmente a do joelho. Em boa parte dos casos há desenvolvimento de cistos atrás do joelho, que podem causar ainda mais dor quando se rompem.
Na etapa, muitos pacientes também podem desenvolver sintomas relativos a mau funcionamento cognitivo, ou seja, que podem afetar memória, humor e padrão de sono. Também são comuns neste período o desenvolvimento de arritmias, problemas cardíacos, meningite (inflamação do tecido que reveste o cérebro) e até paralisia no nervo da face (paralisia de Bell).
O fato de os sintomas da doença de Lyme serem bastante inespecíficos e facilmente confundidos com outras doenças faz com que a infecção seja difícil de identificar em crianças. E como elas também não sabem expressar exatamente o que estão sentindo, os pais tendem a se confundir e não perceber que a criança está doente de fato. A única maneira de perceber que a criança pode realmente estar mal é observar mudanças no comportamento. Alguns sinais que os pais devem observar são:
Já nos casos de mães afetadas com a doença, estes são os sinais de que a bactéria pode ter sido passada à criança durante a gestação:
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Além dos exames de análises clínicas, é importante que o diagnóstico da doença de Lyme seja feito conjuntamente com base nos sintomas apresentados pelo paciente e no histórico de exposição a áreas naturais e contato com animais que poderiam ter carrapatos. É importante pois, por ser uma doença “imitadora” de sintomas, é comum que o paciente seja diagnosticado erroneamente com doenças como artrite reumatoide, febre reumática, reumatismo, esclerose múltipla e fibromialgia.
Sim, a doença de Lyme tem cura. Porém, ela pode deixar sequelas para o resto da vida, principalmente se o tratamento for iniciado tardiamente ou se não for seguido de forma adequada.
Para a Infectious Diseases Society of America (IDSA), o tratamento deve se basear no uso de antibióticos para eliminar a bactéria. Embora não existam medicamentos específicos para a doença de Lyme, o uso de antibióticos não demonstra reincidência dos sintomas após o tratamento.
Seja como for, é fundamental que o paciente se informe junto ao seu médico sobre a doença, para encontrar a melhor abordagem para cada caso.
Como a doença de Lyme é transmitida por carrapatos, o melhor (e único) jeito de se prevenir é evitar a exposição aos hospedeiros.
Como os carrapatos são mais comuns em ambientes ao ar livre – parques, florestas, jardins, bosques, trilhas –, recomenda-se o uso de roupas compridas e calçados adequados para passeios na natureza, para que o corpo não fique exposto. Use repelentes, mas certifique-se de que eles contenham a substância DEET, que também repele carrapatos.
Sempre após o passeio, o ideal é verificar todas as roupas. Para facilitar a verificação e melhorar a visualização, utilize roupas claras. Examine também o próprio corpo, lembre-se que o carrapato precisa ficar em contato com a pele por pelo menos seis a 24 horas para transmitir a bactéria.
Com relação aos animais de estimação, verifique sempre a presença de carrapatos na pele dos bichinhos. Fique atento também a possíveis invasões de pragas, como ratos, em casa.
Por fim, ao encontrar um carrapato, é preciso removê-lo corretamente, ou seja, sem esmagá-lo. Em nosso artigo sobre a febre maculosa, você aprende a remover carrapatos, acesse-o clicando aqui:
Fontes: Infectious Diseases Society of America (IDSA)