Dengue Tipo 4 Os agentes etiológicos da febre amarela e da dengue foram os primeiros microrganismos a serem denominados vírus, em 1902 e 1907. O isolamento dos vírus tipos 1 e 2 da dengue só ocorreram na década de 1940, e os tipos 3 e 4 em 1951. Desde 1846, há relatos de epidemias de dengue no Brasil, mas as primeiras citações na literatura científica datam de 1916, na cidade de São Paulo, e em Niterói no ano de 1923. A primeira evidência de ocorrência de epidemia de dengue no Brasil é de 1982, quando foram isolados os sorotipos DENV1 e DENV4, em Boa Vista (RO). O sorotipo DENV-1 foi reintroduzido no Brasil em 1986, tendo sido isolado em Nova Iguaçu. Um recrudescimento da doença, de proporções consideradas vultosas na época, teve início em 1990 provocado pelo aumento da transmissão do DENV-1 e introdução do DENV-2. Em janeiro de 2001, foi confirmada a introdução no país do sorotipo DENV-3, isolado de indivíduo residente no Rio de Janeiro, esse sorotipo foi responsável pela epidemia de 2002 do Brasil1. O DEN-2 é considerado o mais virulento, seguido pelo DEN-3, 4 e 1, em ordem decrescente2. Depois de muitos anos sem registro de nenhum caso de contaminação, o sorotipo 4 voltou a circular em alguns estados do Brasil. Pelo fato de a população mais jovem não ter tido contato prévio com este tipo e, portanto, não ter desenvolvido imunidade, existe o risco de uma epidemia em maiores proporções, com uma maior quantidade de casos de dengue hemorrágica. O Ministério da Saúde determinou que todos os casos suspeitos de dengue 4 sejam considerados de comunicação compulsória às autoridades sanitárias no prazo de 24 horas4. A infecção pelo vírus da Dengue é um dos maiores problemas de saúde pública em todo o mundo, e uma das mais importantes doenças humanas transmitidas por mosquitos. A prevalência global da dengue vem aumentando dramaticamente nas últimas décadas. A doença é endêmica em mais de 100 países, na África, Américas, Leste Mediterrâneo, Pacífico Oeste e, particularmente, no Sudeste Asiático. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que mais de 2,5 bilhões de pessoas se encontrem em risco de infecção pelo vírus da dengue, com 50 a 100 milhões de casos ocorrendo a cada ano. Desses, aproximadamente 500.000 são de Febre Hemorrágica por Dengue (FHD), com 24.000 mortes que ocorrem principalmente em crianças9. Existem atualmente, três modalidade de testes diagnósticos específicos para Dengue. A pesquisa de Anticorpos IgG e IgM, A pesquisa do Antígeno NS1 e a pesquisa de RNA do vírus Dengue por método P.C.R. em tempo real. Dentre todos os métodos, a pesquisa de anticorpos do tipo IgM é o que apresenta maior especificidade, entretanto, apresenta a limitação de levar de 4 a 7 dias para a elevação dos níveis séricos com consequente detecção. No caso de infecção secundária, cada vez mais comum em nosso meio, os anticorpos IgM podem estar ausentes, havendo apenas a presença dos anticorpos IgG. A pesquisa de RNA do vírus da Dengue, apesar de ser também bastante específica, se limita apenas aos períodos iniciais da doença, antes do aparecimento dos anticorpos, não sendo um bom marcador diagnóstico. O antígeno NS1 é uma proteína não estrutural, que não é parte integrante do genoma viral, e sim um produto da replicação do vírus. Por este motivo, diferentemente com o que acontece com o RNA viral, não sofre grandes influências com a presença dos anticorpos circulantes, podendo permanecer detectável desde o primeiro até o nono dia após o início da sintomatologia. Muitos estudos apontam grau de sensibilidade do antígeno NS1 na fase aguda em torno de 70%, quando utilizado isoladamente e de mais de 95% quando utilizado em conjunto com a pesquisa de anticorpos IgG e IgM8,9. Opinião: Melhor opção para o diagnóstico de Dengue na fase aguda: Pesquisa de Antígeno NS1 + Pesquisa de Anticorpos IgG e IgM contra o vírus da Dengue. O teste pode ser feito já a partir do primeiro dia após o início da sintomatologia.
Referências bibliográficas: 1 – Barreto, Maurício L.; Teixeira, Maria Glória. Dengue no Brasil: situação epidemiológica e contribuições para uma agenda de pesquisa. Estud. av., São Paulo, v. 22, n. 64, Dec. 2008 2- Lupi, Omar; Carneiro, Carlos Gustavo; Coelho, Ivo Castelo Branco. Manifestações mucocutâneas da dengue. An. Bras. Dermatol., Rio de Janeiro, v. 82, n. 4, Aug. 2007 3 – Câmara FP cols. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 40(2):192-196, mar-abr, 2007 4 – Ministério da Saúde 2011. Disponível em:http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1525 5- Lenzi MF and Coura LC. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 37(4):343-350, jul-ago, 2004 6 – Organização mundial de Saúde. Disponível em:http://www.who.int/csr/disease/dengue/en/ 7 – Ramos, Estácio F.. Hemoterapia e febre Dengue. Rev. Bras. Hematol. Hemoter., São José do Rio Preto, v. 30, n. 1, Feb. 2008 . 8 – Blacksell SD, Jarman GR, Bailey MS, Tanganuchitcharnchai A, Jenjaroen K, Gibbons R, Paris DH, Premaratna R, Silva HJ, Lalloo DG, Day NPJ, Evaluation of Six Commercial Point-of-Care Tests for Diagnosis of Acute Dengue Infections: the Need for Combining NS1 Antigen and IgM/IgG Antibody Detection To Achieve Acceptable Levels of Accuracy, Cin Vac Imunol 18:12, 2011 9 – Wiang MS, Sekaran DS, Evaluation of a Commercial SD Dengue Virus NS1 Antigen Capture Enzyme-Linked Immunosorbent Assay Kit for Early Diagnosis of Dengue Virus Infection, J. Clin. Microbiol. August 2010 vol. 48 no. 8 2793-2797
ENGLISH
Dengue Type 4 The etiologic agents of yellow fever and dengue fever were the first organisms to be called viruses, in 1902 and 1907. The isolation of virus types 1 and 2 dengue occurred only in the 1940s, and types 3 and 4 in 1951. Since 1846, there have been reports of dengue epidemics in Brazil, but the first citations in the scientific literature dating from 1916, in São Paulo, and in Niteroi in 1923. The first evidence of the occurrence of dengue epidemic in Brazil is 1982, when the serotypes were isolated and DENV1 DENV4 in Boa Vista (RO). The DENV-1 was reintroduced in Brazil in 1986, having been isolated in New Delhi. A resurgence of the disease, bulky proportions considered at the time, started in 1990 caused by increased transmission of DENV-1 and DENV-2 from the introduction. In January 2001, it was confirmed the introduction in the country of DENV-3 isolate individual resident in Rio de Janeiro, this serotype was responsible for the 2002 epidemic IN Brazil 1. The DEN-2 is considered the most virulent, followed by DEN-3, 4 and 1, in decrescent order2. After many years with no record of any case of contamination, the serotype 4 began to run again in some states of Brazil. Because the younger population to have had prior contact with this type and therefore have not developed immunity, there is a risk of an epidemic in higher proportions, with a greater number of cases of dengue hemorrhagic fever. The Ministry of Health has determined that all suspected cases of dengue 4 are considered compulsory reporting to health authorities within 24 hours 4. The Dengue virus infection is a major public health problem worldwide, and one of the most important mosquito-borne human diseases. The global prevalence of dengue has grown dramatically in recent decades. The disease is endemic in more than 100 countries in Africa, Americas, Eastern Mediterranean, Western Pacific, and particularly in Southeast Asia. The World Health Organization (WHO) estimates that more than 2.5 billion people are at risk of dengue virus infection, with 50 to 100 million cases occurring each year. Of these, approximately 500,000 are for Dengue Hemorrhagic Fever (DHF), 24,000 deaths that occur mainly in children.9. There are currently three modality specific diagnostic tests for Dengue. Research Antibody IgG and IgM, NS1 Antigen’s research and the research of Dengue virus RNA by PCR method in real time. Among all methods, the antibodies of the IgM type is the one with greater specificity, however, has the limitation of taking 4-7 days for elevated serum with subsequent detection. In the case of secondary infection, increasingly common in Brazil, IgM antibodies may be absent, and only the presence of IgG antibodies. The search Dengue virus RNA, although also quite specific, it is limited to the initial periods of the disease before the appearance of antibodies, and is not a good diagnostic marker. The antigen is an NS1 nonstructural protein, which is not part of the viral genome, but rather a product of virus replication. For this reason, unlike what happens with the viral RNA does not suffer great influences on the presence of circulating antibodies and may remain detectable from the first to the ninth day after the onset of symptoms. Many studies indicate degree of sensitivity of NS1 antigen in the acute phase of around 70% when used alone and more than 95% when used in conjunction with antibody IgG and IgM8, 9. Opinion: Best option for the diagnosis of Dengue in the acute phase: Search NS1 Antigen + Search IgG and IgM antibodies against dengue virus. The test can be done already on the first day after onset of symptoms.
References (see above):