Caracterizada por uma infecção intestinal grave, a cólera é uma doença infecciosa aguda, contagiosa e perigosa, causada por uma bactéria chamada Vibrio cholerae e que pode levar à morte em decorrência da desidratação.
Os casos da doença reduziram drasticamente no mundo por conta do saneamento do esgoto e o tratamento da água. Entretanto, a cólera ainda está presente em países da África, do sudeste asiático e em alguns países da América Central e conforme dados levantados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), anualmente são registrados no mundo de três a cinco milhões de novos casos da doença, com cerca de 100 a 120 mil mortes por ano.
A doença é causada por um vibrião colérico, que se desenvolve no intestino humano e produz uma toxina chamada CTX, que se prende às paredes intestinais, interferindo diretamente no fluxo normal de sódio e cloreto do organismo. Esta alteração ocasiona a eliminação de grandes quantidades de água do corpo, causando a diarreia e uma grande perda de fluidos e de sais importantes, os chamados eletrólitos, que ajudam a regular as funções dos nervos e músculos e mantém o equilíbrio dos níveis de líquido nas áreas do corpo (interior das células, espaço em torno das células e sangue).
O contágio ocorre quando há ingestão de alimentos ou água contaminados com as fezes ou o vômito de uma pessoa infectada com a doença. O homem é o principal reservatório do vibrião, entretanto há possibilidades de existirem reservatórios ambientais como plantas aquáticas e frutos do mar. As moscas e outros insetos podem ser agentes transmissores da doença, funcionando como vetores mecânicos, transportando o vibrião para a água e para os alimentos.
O período de incubação do vibrião varia de algumas horas a 2/3 dias. Após a incubação, surge subitamente a diarreia profusa (intensa), acompanhada de vômitos, dor de cabeça, cãibras musculares (na panturrilha), dores abdominais e desidratação. A evolução da cólera provoca um estado de desnutrição no indivíduo e choque, que ocorre quando o volume de sangue baixo provoca queda na pressão arterial e na quantidade de oxigênio no sangue.
A duração dos sintomas, em média, é de 3 a 4 dias. Caso não seja realizado tratamento com urgência, o óbito do paciente pode ocorrer em um prazo de 14 a 48 horas.
A prevenção da doença é bem simples, basta adotar medidas básicas de higiene:
- Lavar sempre as mãos com água e sabão antes de preparar qualquer alimento, antes das refeições, após o uso do sanitário, após a troca de fraldas, e após chegar da rua;
- Consumir apenas água tratada, tanto para beber, quanto para o preparo de alimentos;
- Lavar bem frutas, verduras e legumes e deixar de molho, por meia hora, em um litro de água com uma colher de sopa de hipoclorito de sódio (água sanitária);
- Ingerir alimentos fervidos ou cozidos;
- Consumir carnes vermelhas com fiscalização e dentro das normas de controle sanitário;
- Desinfetar com água sanitária pias, lavatórios e vasos sanitários;
- Utilizar sacos de lixo nas lixeiras e mantê-las bem tampadas.
A cólera pode ser diagnosticada através do exame de amostras de fezes ou do reto. Devido à natureza de evolução da doença, que é muito rápida, o tempo que se dispõe para fazer o diagnóstico normalmente é curto.
Em casos de epidemia, o diagnóstico usualmente é feito baseado no histórico do paciente e em um breve exame, iniciando-se o tratamento antes mesmo que haja confirmação da patologia pelo laboratório.
Os testes moleculares com painéis múltiplos têm se mostrado bastante úteis, além de altamente sensíveis e específicos, práticos e rápidos, devendo se tornar em breve referência no diagnóstico das gastroenterites infecciosas, fornecendo vários resultados a partir de um único teste. Um dos testes mais promissores é o FilmArray® Gastrointestinal Panel, que está disponível no Richet Medicina & Diagnóstico, com capacidade de detecção de 22 microrganismos em 1 hora*.
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A cólera requer pronto-atendimento médico e o tratamento é simples. A hidratação deve ser iniciada o mais rápido possível e o soro por via oral deve ser aplicado enquanto se providencia o atendimento médico.
Os antibióticos só devem ser ingeridos sob orientação médica e podem ser usados por via oral ou venosa.
A prevenção da doença mediante vacina tem uma efetividade provada de aproximadamente 70% e atualmente existem duas vacinas pré-qualificadas pela OMS. Como são necessárias duas doses com um espaço de uma semana de aplicação, a efetividade da vacinação em surtos ou epidemias é reduzida.